Powered By Blogger

Pensamentos aleatórios

15 de outubro de 2014

"Tática de 'Tropa de Elite 2' em Goiás" ou "Como usar a (in)Segurança Pública para ganhar votos"


Quem não se lembra do filme "Tropa de Elite 2"?! 

A fantástica narrativa de José Padilha que mostrou de forma ficcional como as milícias tomaram o lugar os traficantes no comando do crime no Rio de Janeiro agradou a muita gente, principalmente na parte em que o Capitão Nascimento (Wagner Moura) enche de porrada um político corrupto que para se manter no poder não queria nem saber das consequências de se aliar aos milicianos e de usar a Secretaria de Segurança Pública para angariar votos.

Outra cena exemplar desse filme é aquela em que a equipe da Secretaria desativa as escutas no Morro do Turano após o sucesso da operação para tomada do morro (posteriormente entregue ao controle das milícias), pois a intenção era agradar a opinião pública uma vez que a eleição para governo estava próxima, então não havia justificativa para manter as escutas, nem mesmo a morte do Capitão Mathias.

Hoje em Goiás estamos vendo a ficção se tornar realidade.

A onze dias da eleição para governo a Secretaria de Segurança Pública, com toda a pompa e circunstância, numa cacetada só, anunciou a elucidação de crimes bárbaros que vinham abalando Goiás desde o ano passado: a morte de moradores de rua e o assassinato de mulheres, ambos em Goiânia. 


Pode até ser verdade, que o mesmo assassino de mulheres seja quem vinha matando os moradores de rua e também que ele confessou todos os crimes, mas o que chama a atenção nesse caso é que a elucidação dos crimes se deu no mesmo dia em que Iris Rezende anunciaria em seu programa eleitoral suas propostas para a Segurança Pública, tema que vinha sendo bastante explorado até então, com grande desgaste para o governador Marconi, haja vista ser a área mais crítica de seu governo. 

E aí quando lembramos do "Tropa de Elite 2" ficamos desconfiados: será que essa "resolução mágica" não seria apenas um artifício para ganhar votos, tal qual fizeram os fictícios governador e secretário de segurança no filme? Mas se for assim, o que o sujeito, réu confesso dos crimes, ganharia com isso?

Uma pequena teoria da conspiração para explicar:
- O sujeito surge do nada e confessa os crimes que vinham abalando os goianos;
- Ele vai preso e ficará em cela especial, para não ser agredido pelos outros presos, é claro;
- Obrigatoriamente ficará lá mais ou menos um mês (tempo que a polícia vai levar para checar suas declarações e álibis);
- Nesse ínterim a Secretaria de Segurança Pública apresenta o sujeito para a sociedade. O Secretário reitera a determinação do governador para a apuração dos crimes, agradece a confiança e os investimentos dele, a população fica aliviada, a eleição passa e o governador é reeleito;
- O sujeito é solto, pois não encontram provas de suas alegações, ao final ele é processado por falsa declaração de crime e, quando muito, prestará serviços sociais como pena (tempos depois é empregado por uma empreiteira ou vem trabalhar na Prefeitura de Catalão e ninguém mais lembrará dele);
- O governador reeleito tem mais quatro anos para encontrar o real criminoso, ou então, como no filme, ignorar que o verdadeiro culpado está à solta e curtir seu mandato até a próxima eleição.

Quem viver verá. Ou não, basta votar no outro candidato e acabar com esse filme agora, pois filme repetido é muito sem graça.


Compartilhe:
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários não são moderados, portanto, entram no ar na mesma hora em que são escritos e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. No entanto me reservo o direito de excluir mensagens com ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência. Não há, contudo, moderação ideológica. A ideia é promover o debate mais livre possível, dentro de um patamar mínimo de bom senso e civilidade. Obrigado.